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sábado, 22 de março de 2008

Alexandre O'Neill

Soneto

Sonetos garantidos por dois anos.
E é muito já, leitor que mos compraste
Para encontrar a alma, que trocaste
Por rádios, frigoríficos, enganos ...

Essa tristeza sobre pernas faz-te
Temeroso e cruel e tonto e traste.
Nem pior nem melhor que outros fulanos,
Não vês a Bomba e crês nos marcianos   ...

E é para ti que escrevo, é para ti
Que um verso lanço — O mão! — como o destino,
e nele ponho mesura, desatino,

Rasgo, invenção, lugar-comum, protesto?
Antes para soldado ou para resto,
Escroto de velho, ronco de suíno ...

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