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quinta-feira, 20 de março de 2008

Antero de Quental

Pequenina


Eu bem sei que te chamam pequenina
E ténue como o véu solto na dança
Que és no juízo apenas a criança,
Pouco mais, nos vestidos, que a menina...


Que és o regato de água mansa e fina,
A folhinha do til que se balança,
O peito que em correndo logo cansa,
A fronte que ao sofrer logo se inclina...


Mas, filha, lá nos montes onde andei,
Tanto me enchi de angústia e de receio
Ouvindo do infinito os fundos ecos,


Que não quero imperar nem já ser rei
Senão tendo meus reinos em teu seio
E súbditos, criança, em teus bonecos!

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