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sexta-feira, 28 de março de 2008

Florbela Espanca

Minha tragédia

Tendo ódio à luz e raiva à claridade
Do sol, alegre, quente, na subida.
Parece que a minha'alma é perseguida
Por um carrasco cheio de maldade !

Foi minha vã, inútil mocidade
Trazes-me embriagada, entontecida !...
Duns beijos que me deste, noutra vida,
trago em meus lábios roxos, a saudade!...

Eu não gosto do sol, eu tenho medo
Que me leiam nos olhos o segredo
De não amar ninguém,  de ser assim!

Gosto da Noite imensa, preta,
Como esta estranha e doida borboleta
Que sinto sempre a voltejar em mim !..,

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