À Janela de Garcia de Resende
Janela antiga sobre a rua plana...
Ilumina-a o luar com seu clarão...
Dantes, a descansar de luta insana,
Fui, talvez, flor no poético balcão...
Dantes! da minha glória altiva e ufana,
Talvez... quem sabe?... tonto de ilusão,
Meu rude coração de alentejana
Me palpitasse ao luar nesse balcão...
Mística dona, em outras primaveras,
Em refulgentes horas de outras eras,
Vi passar o cortejo ao sol doirado...
Bandeiras! pajens! o pendão real!
E na tua mão, vermelha, triunfal,
Minha divisa: um coração chagado!...
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