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quinta-feira, 20 de março de 2008

Poesia: Feira do livro, declamações e conferências para celebrar o Dia Mundial, sábado, no CCB

Uma feira do livro, poetas e actores a dizer poesia, conferências e uma exposição são algumas das actividades de entrada gratuita marcadas para sábado no Centro Cultural de Belém (CCB) no âmbito do Dia Mundial da Poesia.

O Dia Mundial da Poesia comemora-se a 21 de Março, sexta-feira, por iniciativa da UNESCO, que o proclamou em 1999 com o objectivo de defender a diversidade linguística.

No sábado, o CCB, tutelado pelo Ministério da Cultura, associa-se ao Plano Nacional de Leitura - também iniciativa dos Ministérios da Educação e Assuntos Parlamentares - para assinalar a data numa maratona de iniciativas entre as 12:00 e as 20:30, que culminará com um espectáculo no Grande Auditório.

Da programação constam, entre outras, uma feira do livro de poesia na recepção do centro de reuniões e uma exposição de poesia visual de Ana Hatherly, com cerca de 150 desenhos, oficinas de desenho, pintura e colagem inspiradas na obra da poeta e artista plástica portuguesa, que estará patente até 20 de Abril.

Também foram convidados actores e poetas, entre outras personalidades, para declamar, nomeadamente as actrizes e actores Suzana Menezes (dirá Natália Correia), Pedro Lamares (Al Berto), Beatriz Batarda (Sophia de Melo Breyner Andresen), e Diogo Dória (Herberto Helder).

Estarão presentes igualmente os poetas Ana Hatherly, Ana Luísa Amaral, Fernando Luís Sampaio, Gastão Cruz, Nuno Júdice, Manuel Alegre, Manuel António Pina, Pedro Tamen, Vasco Graça Moura e walter hugo mãe.

Na Sala de Leitura, estão previstas conferências de Fernando Pinto do Amaral sobre Cesário Verde e Osvaldo Silvestre sobre a poesia de Luís Quintais.

Outra iniciativa original é o "Espaço de Troca", onde o público poderá dirigir-se com livros e trocá-los por outros, não sendo permitido o uso de dinheiro.

No espaço "Diga Lá um Poema" - onde estarão como convidados José Jorge Letria e José Fanha - haverá poesia dita por personalidades públicas, mas qualquer pessoa pode participar.

Estará instalado um estúdio de gravação com um estrado e um microfone e o público é convidado a dizer poesia frente a uma câmara, sendo as gravações passadas em simultâneo no foyer dos Auditórios e em diferido junto à Sala de Leitura, em televisores montados para o efeito.

(Fonte: Lusa)

 

“Se, depois de eu morrer...

Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas --- a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.

Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as coisas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso fui o único poeta da Natureza.”

(Fernando Pessoa pelo seu heterónimo Alberto Caeiro)

 

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.


E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.


E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

(Fernando Pessoa)

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