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segunda-feira, 21 de abril de 2008

Reinaldo Ferreira

Uma casa portuguesa

Numa casa portuguesa fica bem

pão e vinho sobre a mesa.

Quando à porta humildemente bate alguém,

senta-se à mesa co'a gente.

Fica bem essa fraqueza, fica bem,

que o povo nunca a desmente.

A alegria da pobreza

está nesta grande riqueza

de dar, e ficar contente.

Quatro paredes caiadas,

um cheirinho a alecrim,

um cacho de uvas doiradas,

duas rosas num jardim,

um São José de azulejo

sob um sol de primavera,

uma promessa de beijos

dois braços à minha espera...

É uma casa portuguesa, com certeza!

É, com certeza, uma casa portuguesa!

No conforto pobrezinho do meu lar,

há fartura de carinho.

A cortina da janela e o luar,

mais o sol que gosta dela...

Basta pouco, poucochinho p'ra alegrar

uma existéncia singela...

É só amor, pão e vinho

e um caldo verde, verdinho

a fumegar na tijela.

Quatro paredes caiadas,

um cheirinho a alecrim,

um cacho de uvas doiradas,

duas rosas num jardim,

um São José de azulejo

sob um sol de primavera,

uma promessa de beijos

dois braços à minha espera...

É uma casa portuguesa, com certeza!

É, com certeza, uma casa portuguesa!

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