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quinta-feira, 24 de abril de 2008

Reinaldo Ferreira

A Fernando Pessoa (ele mesmo)


Cada verso é uma esfinge ter falado.
Mas quanto mais explícito ela o diz,
Mais tudo permanece inexplicado
E menos se apreende o que ela quis.

 
Erra um sussurro, tão etéreo e alado
Que nem mesmo silêncio o contradiz.
E o ouvi-lo, ou ávido ou irado
Na busca dum segredo sem raiz,


É como se em pensar - um descampado -
Passasse fugitiva e intensamente
O Tempo todo inteiro projectado


E a sombra ali marcasse, na corrente
Do nada para o nada, inda passado
E já futuro, a ficção do presente.

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