POETA
Quando a primeira lagrima aflorou
Nos meus olhos, divina claridade
A minha patria aldeia alumiou
Duma luz triste, que era ja saudade.
Humildes, pobres cousas, como eu sou
Dor acesa na vossa escuridade. . .
Sou, em futuro, o tempo que passou;
Em mim, o antigo tempo e' nova idade.
Sou fraga da montanha, nevoa astral,
Quimerica figura matinal,
Imagem de alma em terra modelada.
Sou o homem de si mesmo fugitivo;
Fantasma a delirar, misterio vivo,
A loucura de Deus, o sonho e o nada.
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