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quinta-feira, 3 de abril de 2008

Virgínia Vitorino

Mágoa

Eu que cheguei a ter essa alegria
de junto ao meu possuir teu coração!
Eu que julgava eterna a duração
do volutuoso amor que nos unia,

sou - apagada a última ilusão,
morto o deslumbramento em que vivia,
- um cego que ao lembrar a luz do dia
sente mais negra ainda a escuridão.

Tu me deste a ventura mais perfeita,
perdi-a e dei-te a chama insastisfeita
dessa imensa paixão com que te quis...

Hoje, o que eu sinto, inútil, revoltada,
não é mágoa de ser desgraçada,
- é pena de  ter sido tão feliz.

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