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sexta-feira, 30 de maio de 2008

Júlio Dantas

A LUPA

Quatro meses depois dessa hora dolorida
voltei, já resignado e quase sem rancor,
ao ninho onde viveu aquele imenso amor
que foi o grande amor de toda a minha vida.

Compreendi, então - quanta imagem querida!-
que pode haver encanto e doçura na dor:
um perfume - era o teu - palpitava em redor;
dormia num sofá uma luva esquecida.

Uma luva e um perfume: é o que resta de ti,
dos beijos que te dei, do inferno que sofri,
do teu mentido amor de juras desleais.

Que fui eu, afinal, na tua vida intensa?
O perfume que voa e em que ninguém mais pensa,
a luva que se deixa e não se calça mais…

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