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segunda-feira, 5 de maio de 2008

Luis Vaz de Camões

À morte de D. António de Noronha

 

Em flor vos arrancou, de então crescida
— Ah! Senhor dom António! — a dura sorte,
donde fazendo andava o braço forte
a fama dos Antigos esquecida.


Üa só razão tenho conhecida
com que tamanha mágoa se conforte:
que pois no mundo havia honrada morte,
que não podíeis ter mais larga a vida.


Se meus humildes versos podem tanto
que co desejo meu se iguale a arte,
especial matéria me sereis.


E, celebrado em triste e longo canto,
se morrestes nas mãos do fero Marte,
na memória das gentes vivereis.

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