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quinta-feira, 29 de maio de 2008

Júlio Dantas

SONETO

Duas almas que tarde se encontraram,
Como as nossas, meu bem, e tantas mais,
Porque modo se tornaram tão iguais
Se em tão diversos meios se criaram?

Umas em berço de outro as embalaram,
Às outras a erva fez berços rurais:
E seneo de princípio desiguais,
Depois tão semelhantes se tornaram.

Há bem pouco prendemos nossas vidas,
Já cuidas de meu bem como teu bem,
Já meu mal de agora vais sofrendo:

E as nossas almas tão parecidas,
Como essas duas lágrimas que vêm
Por tuas faces de âmbar escorrendo.

                                                                   

Do livro: "Nada" (1896), in Líricas Portuguesas

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