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quinta-feira, 22 de maio de 2008

Luísa Neto Jorge

Vivíamos (víamo-nos)
num colchão suspenso
da cólera e da poeira.


Silêncios e portas abríamos
gorjeando em voz indistante
distantes e indistintos
como a pedra no parco mar.


Por haustos vivemos num clima
simples
Esfriara


Veio de molde intenso a zona mais árdua
do frio


Assim vivíamos:
a frio.


A medo falando um para ter o outro
escondidos na orelha
de um gigante


A impenetrável tristeza –
seu fecundo lodo – entra neste verso:


nossa distracção era espargi-la
até deter um pântano sobre nós

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