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terça-feira, 20 de maio de 2008

Manuel Luís Caeiro

A NOSSA AMALIA E O POVO

A nossa Amália morreu

Nosso Povo estremeceu

Com tanto calor e frio

No céu entrou uma Fada

E uma canção magoada

Povo que Lavas no rio.

             As avenidas e estradas

             E as pedras das calçadas

             Ficaram todas unidas

             Os rapazinhos choraram

             As andorinhas voltaram

             Sempre de luto vestidas.

Os carpinteiros a correr

Foram todos para fazer

As tábuas do seu caixão

Os Anjinhos se juntaram

Os Santinhos se prostraram

Até Deus pediu perdão.

              Desde a Rua de São Bento

              Povo Unido, num lamento

              Choravam lágrimas e prantos

              Peregrinos de sandálias

              Consagraram nossa Amália

              E os Poetas eram tantos.

A Cidade de Lisboa

Desde Alfama à Madragoa

Desde a Estrela ao Rossio

Varinas de sete saias

Vê lá meu Povo não caias

Povo que Lavas no rio.

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