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terça-feira, 21 de outubro de 2008

Graça Pires

 

Rodeada de mar, convoco o límpido diálogo

Rodeada de mar, convoco o límpido diálogo

dos abismos, para gritar, com Ulisses,

o desejo de ser livre e mortal.

Haviam, assim dizem, uma tempestade em sua boca.

As sereias tomavam-lhe o pulso dos sentidos,

como sulcos de aves no contorno da luz.

A música das marés enfurecia seu sexo.

Contra os rochedos, morriam as gaivotas

enlouquecidas de prazer.

Mas, os deuses fixaram-se no litoral da eternidade,

para lhe indicarem o caminho da morte,

porque ele era, apenas, um homem,

com uma ilha escondida na memória.

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