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quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Helga Moreira

Apenas do amor quero tão alto preço

do mais pouco ou quase nada peço

dias há em que o verso pede rima

como este a querer o que estima

e que não direi; pois que a vida

se se sente desordenada

ou em ardor que começa e finda

imprevisível em cada coisa e nada

ninguém assim o determina.

Apenas de quando em quando vestígios

por entre duas cidades, dois rios

um a norte, outro a sul que te imagina

ou balouça ou adormenta se o penso

querer dizer aqui o que não posso

Tumulto, Pág. 19

Um outro assunto isento

queria aqui deixar.

Por exemplo.

Levanto-me cedo, tomo o pequeno almoço

fumo um cigarro, ou quantos?

Depois de pronta desço

das escadas os três lanços.

E logo em baixo café, tabaco, jornais.

Inusitado no poema –

queriam um lírio, uma açucena –

e não coisas tão banais?

Tumulto, Pág. 57

Eu só de luz me sustento

de corpos, rostos irradiantes.

Chega de coisas baças.

Mas adiante.

Apenas quero das horas

o instante

a cada instante.

Tumulto, Pág. 67

Se Deus com um sinal viesse

se em ti me prolongasse

a luz seria toda a luz

que nos merece

Se Deus ou quem por ele

em ardor nos encontrasse

apenas o que em nós

é corpo e desejo de súbito

todo o amor seria

tempestade, acalmia.

E se Deus for corpo

se Deus for ave, te envie

em um sopro, o que me cabe

dizer-te algum dia, quem sabe.

Tumulto, fora de texto

1 comentário:

valterpoeta.com disse...

Olá tudo bem?

seu blog está sendo presenteado com selos do Blog do Valter Poeta
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abraços