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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Gastão Cruz

 

Cobalto nos faróis

Cobalto nos faróis
no azulado zinco dos cabelos
no calor ampliado das axilas
nas vértebras arando o pavimento

O contacto cruzado e celular dos ouvidos no
vácuo
a esfera de sangue nivelada à distância dos
poentes da terra
o impossível fixo das marés
o mar
e a lua vazia de folhas e animais

O movimento do suor no ar
o cansaço nos troncos e no sol
a terra
o fumo os ascensores os incêndios
a suspensão dos astros sobre a noite

O nível do cobalto a construir a morte nas
vertentes
a penumbra das rectas
os arbustos fechados no quadrante dos pulsos
golpeados
a sede o espaço o pânico
a mobilização do horizonte
no patamar do vento da cidade




Gastão Cruz
poesia 1961-1981
com três desenhos de Manuel Baptista
o oiro do dia

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