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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Cândido Guerreiro

 

Porque nasci ao pé de quatro montes,
por onde as águas passam a cantar
as canções dos moinhos e das fontes,
ensinaram-me as águas a falar…

Eu sei a vossa língua, água das fontes…
Podeis falar comigo, águas do mar…
E ouço, à tarde, os longínquos horizontes
chorar uma saudade singular…

E, porque entendo bem aquelas mágoas
e compreendo os íntimos segredos
da voz do mar ou do rochedo mudo,

sinto-me irmão da luz, do ar, das águas,
sinto-me irmão dos íngremes penedos
e sinto que sou Deus, pois Deus é tudo…

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