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quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Fausto Guedes Teixeira

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O poeta Fausto Guedes Teixeira nasceu na freguesia de Almacave, em Lamego, em 11 de Outubro de 1871, filho de José Augusto Guedes Teixeira e de sua esposa D. Leopoldina de Queirós Guedes, que haviam casado em 1868. O pai, falecido prematuramente, foi político influente (presidente da Câmara de Lamego, governador civil de Viseu e depois do Porto, deputado às cortes) e também empresário. O casal teve três filhos: Augusto, Fausto e Leopoldina Ema. Após o ensino primário, Fausto Guedes Teixeira iniciou aos 10 anos os seus estudos no Colégio de Campolide. Todavia nãosuportava muito bem o afastamento da mãe, e três anos depois vemo-lo de novo em Lamego a estudar no Colégio Roseira. O seu desejo era ser oficial da Marinha, mas o pai persuadiu-o a tirar Direito, como ele próprio, e assim em 1890-91 é aluno do 1.º ano da Faculdade de Direito, em Coimbra. Sem vocação para as leis, não obteve aproveitamento em diversos anos do curso, mas acabou por se bacharelar em 1898. O seu gosto era outro: a boémia, a contemplação das doces paisagens de Coimbra, a actividade literária. Abusa do absinto que o viria a pôr, mais tarde, em Lisboa, à beira do delirium tremens. Interrompe ainda o curso em 1895 e parte para o Brasil, munido de uma carta de apresentação de Eça de Queirós, decidido a fazer carreira no jornalismo. Mas a doença (febre amarela) e a inadaptação fizeram com que a estadia fosse curta (menos de um mês) e regressou aos estudos.Em 1899, já formado, encontramo-lo em Lisboa à procura de emprego. De compleição débil e enfermiça – Trindade Coelho referiu-se-lhe usando a expressão: «um passarinho» – continua a fazer uma vida de boémia e a frequentar lugares onde se reuniam os jovens literatos e artistas. É despachado ajudante de conservador em Loulé, cargo que exerce efemeramente, pois em 29 de Outubro, treze dias depois de casar com D. Margarida Braga, irmã do seu grande amigo e condiscípulo Alexandre Braga (Filho), parte com a esposa para Moçambique, onde o espera o cargo de Secretário de Governo do Distrito de Lourenço Marques. Como no Brasil, é uma estadia curta, devido à doença e inadaptação ao clima. Em 1900, está de novo em Lisboa, onde experimenta dificuldades financeiras. Consegue um modesto emprego no Mercado Geral de Produtos Agrícolas, e dirá a propósito a um amigo: «Vê no que veio a dar um poeta romântico: fiscal de nabos e pepinos na Praça da Figueira!» E, numa carta a Afonso Lopes Vieira:  Eu mal tenho uma cadeira em que V. se pudesse sentar, tão difícil e dura é a minha situação na vida.» Porém, anos depois, as suas condições de vida melhoraram substancialmente. Em 1906, é feito Secretário do Museu das Janelas Verdes e em 1913, Administrador da Companhia dos Caminhos de Ferro de Benguela, posição esta que acumula com a anterior e lhe traz desafogo económico. No ano de 1917, um pouco contrariado, integra uma Embaixada Intelectual ao Brasil, chefiada por Alexandre Braga, então ministro da Justiça, e de que faziam parte também o poeta Augusto Gil e o dramaturgo Marcelino Mesquita, entre outras individualidades. Aí deixou uma excelente impressão. Estavam todos ansiosos por ouvir a musa inspirada de Fausto Guedes Teixeira, tanto mais que nós já aqui tínhamos anunciado, em tempo, que não havia ninguém que dissesse os seus versos com mais fogo, com mais alma, como se ali mesmo, dominado pela sua alta inspiração, os estivesse a improvisar.»Em 1918, recebe um rude golpe: o falecimento da mãe, que fora sempre uma figura tutelar para o poeta.Por herança de seu tio materno, o 2.º Visconde de Valmor, Fausto torna-se um rico proprietário em Lamego, onde a partir de 1920 vive os últimos vinte anos de vida, isolado do mundo e doente, física e espiritualmente, na herdada Casa do Parque. Vai entretanto procurando uma aproximação a Deus, que lhe traz alguma serenidade de espírito. Vive em recolhimento quase ascético. Recusa distinções que lhe queriam conferir e o convite para sócio da Academia das Ciências. Os amigos homenageiam-no com um número especial do jornal Beira-Douro de 11 de Outubro de 1938.Faleceu a 13 de Julho de 1940. Teve um funeral imponente e repousa no jazigo da família, no Cemitério de Santa Cruz, em Lamego.Em 1990, por altura do cinquentenário da morte de Fausto Guedes Teixeira, os jornais Voz de Lamego e Lamego Hoje inserem um encarte que lhe é inteiramente dedicado. Em 2005, assinalando o 134.º aniversário do nascimento do poeta, a Liga dos Amigos do Museu de Lamego organizou uma exposição bibliográfica e documental. Existe um busto do escritor da autoria de Costa Mota Sobrinho, no Jardim da República, fronteiro aos Paços do Concelho de Lamego. O nome do poeta figura na toponímia da sua cidade natal, de Lisboa e de São Paulo.Fausto Guedes Teixeira foi um poeta singular, difícil de comparar com qualquer outro. A sua singularidade consiste sobretudo no obstinado afastamento do poeta em relação a correntes literárias, ao arrepio das novas escolas que sucessivamente dominaram o panorama poético – o parnasianismo, o naturalismo, o simbolismo, o modernismo –, mantendo-se atido a uma espécie de neo-romantismo serôdio e até de certo modo reactivo, à Alfred de Musset, especialmente na idade madura, já que a sua poesia da juventude revela por vezes uma certa colagem e influências de Guerra Junqueiro, António Nobre, Cesário Verde e outros. Foi chamado, apropriadamente, «poeta do amor e da paixão», expressão usada pela primeira vez, cremos, no título de um artigo sobre ele, da autoria de João Cid, publicado no jornal Beira-Douro em 11 de Outubro de 1938. Esse epíteto está escrito igualmente no seu túmulo e caracteriza de forma certeira a obra de um homem : o predomínio do sentimento (fonte da verdade) obre a razão, o amor, a mulher, o erotismo, mas também a solidão, a noite, a melancolia. Disse Augusto de Castro: «Há homens que pensam em verso. Fausto pensava, sentia e respirava – em verso.». E Amado Nervo, rítico literário espanhol, afirma: Ese admirable poeta íntimo, el más subjetivo de todos, que se llama Fausto Guedes Teixeira, el más amado de las mujeres y de todos los sentimientos. Su Mocedad perdida es un bello libro. Este poeta no tiene filiación con ninguno de los de su época; es el más original y su poesía psicológica es quizás única en Europa.»es un bello libro. Este poeta no tiene filiación con ninguno de los de su época; es el más original y su poesía psicológica es quizás única en Europa.»Acompanhemos um pouco mais de perto o seu percurso literário. Os primeiros tentames poéticos aparecem em 1889 (tinha ele 18 anos) no quinzenário juvenil Miniaturas, de Lamego. Não foram primícias especialmente promissoras. O Ultimato Inglês, em 1890, empurrou-o para os ideais republicanos, apesar de ter nascido no seio de uma família aristocrática (seu pai era visconde de Guedes Teixeira e sua mãe tinha laços familiares com os viscondes de Valmor e Almedina). No mesmo ano é co-fundador em Lamego de um jornal de cariz revolucionário, A Revolução, de que saiu apenas um número, certamente devido à sua virulência. Em Novembro de 1894, já em Coimbra, funda com Alexandre Braga a revista Insultos ; Crítica das Coisas Portuguesas, de que saíram 2 números, extremamente violentos, suscitando numerosas reacções, folhetos e manifestos. Embora de espírito introvertido e melancólico, dotado de um temperamento emotivo, sentimentalmente volúvel, fisicamente débil, Fausto Guedes Teixeira frequentava a boémia coimbrã, e mais tarde a lisboeta, que animava com leitura de poemas e onde privava com escritores e artistas; e bebia absinto. É geralmente tido como «o maior» pelos seus companheiros dessas noites de boémia.O seu primeiro livro saiu em 1892 com o título Náufragos. Glosava um trágico naufrágio ocorrido na Póvoa de Varzim. É constituído por um único poema, escrito em alexandrinos, onde é possível perceber a influência de Junqueiro e Victor Hugo. Seguiram-se Livro ;Amor (1894), Mocidade perdida (1886; 2.ª ed., 1926), Boa viagem (1898), Esperança nossa (1899), Carta a um poeta (1899), Saudades do coração (1902), Alma triste (1903), O meu livro (1908), Maria (1918), Sonetos de amor (1922), O meu livro (dois volumes, 1941 e 1942, respectivamente, edição definitiva e póstuma das obras completas).

Fonte: Grémio Literário Vila-Realense

Mais Informação em: pt.wikipedia

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