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sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Fausto Guedes Teixeira

 

Mata o amor da Pátria o amor da Humanidade,
E ao pé da nossa Pátria, a Humanidade o que é?!
Só em face da morte é que existe a igualdade;
Mesmo entre irmãos, na vida, há distâncias até.


Espírito que o mundo em teu abraço agarras,
São debaixo do céu os homens tão dif’rentes!
Pra defender os mais, sentimo-nos com garras,
Mas, pra nos defender, temos até os dentes.


Os gritos dos clarins da velha Grécia em p’rigo,
O grande coração desse povo aviltado
Se em todos encontrou um coração amigo,
Fez do homem mais fraco um heróico soldado.


A nossa linda terra é Deus que no-la guarda!
Mas para libertar, convosco, o vosso solo,
Só não há-de saber pegar numa espingarda
Quem não souber pegar numa criança ao colo.


Há mil bocas de fogo em cada peito: é abri-lo!
Nas bocas dos canhões há corações a arder!
Fala-se em pátria? Basta! É o seu torrão aquilo
Que eles defendem? Basta! Eles hão-de vencer.


Lutar-se braço a braço e fibra contra fibra,
É o que a nossa razão e consciência ensina;
Não gosto do punhal, mas quando quem o vibra
É fraco e aviltado, é uma arma divina!


Porque sou, como vós, dum país ameaçado,
Eu compreendo, agora, o vosso ódio bem;
Amanhã entrarão no meu país amado
E tentarão matar os meus irmãos também.


Que importa? Ao expirar coberto de mil f’ridas,
Eu direi para mim, mais viva a fé que tinha,
Que todas as nações poderão ser vencidas,
Há uma só que nunca o pode ser: é a minha!


Pois pensai vós também que, seja como for,
Não há nada e ninguém que aniquilar-vos possa,
E a bandeira que ergueis, de que nem sei a cor,
Há-de tomar no ar as lindas cor’s da nossa.

Sofrereis? Certamente! E que importa sofrer?
Só a dor purifica e torna a vida bela!
Quem me dera uma hora igual, p’ra combater!
A minha Pátria assim, para morrer por ela!

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