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quarta-feira, 18 de março de 2009

António Aragão


ah o amável preço da minha fotografia no teu
retrato:
aquele calor da telefonia nascendo no
instante sem ocasião. e o regresso à história
do repouso dos aparelhos ou à demora
apenas
de comprar a cadeira depois de ter dito
aquela palavra no campo
onde crescem mais exactamente os frigoríficos.

quem sabe afinal quando o coração apodrece?


talvez mais exactamente ando o peso
dos passos no nome do rosto.
ou toco docemente
a gasolina no ritual da tua imagem.


olha: este é o interior mais exactamente
da escada no cimo do meu susto.
eis o estilo espantoso de pensar uma espingarda
no lado nu do teu corpo que não escrevo.


quem sabe afinal quando o coração não apodrece?


nós apenas dizemos o cartaz na paragem de deus
e o resto é mais a nossa dificuldade no
retrato enquanto um anjo digo-te
passeia mais exactamente no pêlo do navio.


(in "Mais Exactamente P(r)o(bl)emas", 1968)

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