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segunda-feira, 6 de abril de 2009

António Cândido Gonçalves Crespo

Fervet amor

Dá para a cerca a estreita e humilde cela

dessa que os seus abandonou, trocando

o calor da família ameno e brando

pelo claustro que o sangue esfria e gela.

Nos florões manuelinos da janela

papeiam aves o seu ninho armando;

vêem-se ao longe os trigos ondulando...

Maio sorri na pradaria bela.

Zumbe o inseto na flor do rosmaninho:

nas giestas pousa a abelha ébria de gozo:

zunem besouros e palpita o ninho.

E a freira cisma e cora, ao ver, ansioso,

do seu catre virgíneo sobre o linho

um par de borboletas, amoroso.

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