Fervet amor
Dá para a cerca a estreita e humilde cela
dessa que os seus abandonou, trocando
o calor da família ameno e brando
pelo claustro que o sangue esfria e gela.
Nos florões manuelinos da janela
papeiam aves o seu ninho armando;
vêem-se ao longe os trigos ondulando...
Maio sorri na pradaria bela.
Zumbe o inseto na flor do rosmaninho:
nas giestas pousa a abelha ébria de gozo:
zunem besouros e palpita o ninho.
E a freira cisma e cora, ao ver, ansioso,
do seu catre virgíneo sobre o linho
um par de borboletas, amoroso.
Sem comentários:
Enviar um comentário