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terça-feira, 25 de março de 2008

Florbela Espanca

      FANATISMO

      Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
     Meus olhos andam cegos de te ver !
     Não és sequer a razão do meu viver,
     Pois que tu és já toda a minha vida !

     Não vejo nada assim enlouquecida ...
     Passo no mundo, meu Amor, a ler
     No misterioso livro do teu ser
     A mesma história tantas vezes lida !

     "Tudo no mundo é frágil, tudo passa ..."
     Quando me dizem isto, toda a graça
     Duma boca divina fala em mim !

     E, olhos postos em ti, digo de rastros :
     "Ah !  Podem voar mundos, morrer astros,
     Que tu és como Deus :  Princípio e Fim

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