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quarta-feira, 2 de abril de 2008

Camilo Pessanha

Phonographo

 

Vae declamando um comico defunto,
Uma platêa ri, perdidamente,
Do bom jarreta... E ha um odôr no ambiente
A crypta e a pó,—do anachronico assumpto.


Muda o registo, eis uma barcarola:
Lirios, lirios, aguas do rio, a lua...
Ante o Seu corpo o sonho meu fluctua
Sobre um paúl,—extática corolla.


Muda outra vez: gorgeios, estribilhos
D'um clarim de oiro—o cheiro de junquilhos,
Vivido e agro!—tocando a alvorada...


Cessou. E, amorosa, a alma das cornetas
Quebrou-se agora orvalhada e velada.
Primavera. Manhã. Que effluvio de violetas!

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