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terça-feira, 29 de abril de 2008

Pedro Laureano Mendonça da Silveira

A agitação dos dias de baleia!
Marinheiros correndo para o porto.
Iguala o Universo num grão de areia
e o Nada é um doutor de olhar absorto.


A bomba que rebenta na vigia
sacode o ar num sobressalto de asas.
A vida igual de sempre dir-se-ia
outra na lida habitual das casas.


Mas à agitação se segue logo
uma ansiedade vã sobre a paisagem:
em cada coração crepita um fogo
à espera apenas de uma leve aragem.


Depois, qualquer sinal no horizonte
parece um barco – e uma baleia morta?
Um binóculo espreita, ali defronte,
E um vulto de mulher assoma à porta.


Inquieto, alguém pergunta: - Que é? Que foi?
Um coração lento cruza a dúbia praça;
reflecte a placidez do boi
a morna placidez da tarde baça.


Mas não há uma vela pelo mar!
As horas passam, moles, arrastadas...
A noite vem... Os botes sem chegar!
E um choro enche as casas desoladas.

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