A velha casa, onde eu morei outrora
e que há muito está desabitada,
silenciosa envolveu-me, ao ver-me agora,
num triste olhar de amante abandonada.
Com que amargor no íntimo lhe chora
uma alma sensitiva e ignorada,
que não tem voz para queixar-se, embora
se veja só, de todos olvidada!
Casa deserta e fria, que envelheces
ao desamparo sem uma afeição,
bem sinto que me vês, que me conheces
e relembras os dias que lá vão…
Eu esqueci-te, amiga, e tu pareces
toda magoada dessa ingratidão.
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