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sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Gentil de Valadares

A BOCAGE

Caríssimo Bocage, quando leio

Teus versos de harmonia inigualada,

Ao pé dos quais os meus são devaneio.

Despidas frases que não valem nada.

Invejo o fogo que dos céus te veio,

Invejo a tua ideia iluminada,

Invejo a tua voz que é um gorjeio

De rouxinol carpindo à namorada!...

Ao meditar depois na desventura

Que a vida te frustrou, virou do avesso,

A bem dizer do berço à sepultura,

Já não te invejo os dons de tanto apreço:

Antes vulgar eu seja, sem cultura,

Do que pagar a glória por tal preço.

 

GV, in Flauta Enamorada, 1961

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