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sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Gentil de Valadares

AMOR DE LENDA

Formosa Né! Ó Musa dos meus versos!

Desprende os teus cabelos, que, dispersos,

Caindo sobre as luas dos teus ombros,

Me causes pasmo, admiração, assombros...

Desprende-os... Vá! Pareça o teu cabelo

Chuveiro d’oiro em píncaros de gelo,

Ou, nos marmóreos ombros, loira amada,

A própria luz do sol, cristalizada...

E vem, original, sem mais enfeite,

Lançar no meu pescoço as mãos de leite,

Com essas madrepérolas das unhas...

Deixa o mundo falar, as testemunhas...

Isso que tem!? Amemo-nos sem medo!

Jamais dum grande amor se fez segredo!

És minha! Deus ungiu da mesma sorte

O teu viver e o meu até à morte!

Hesitas?... Vem! Os dois, se nos amamos,

Cruzemos nossas vidas como os ramos,

Em tudo irmãos, quer na alegria ou luto

E, qual os ramos, dêmos flor e fruto,

Que o nosso amor seja o maior, mais puro,

Na história do passado e do futuro!

E digam todos com razão e espanto:

“Amor de lenda – pois se querem tanto...”

GV, in Luar e Sol, 1961

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