AMOR DE LENDA
Formosa Né! Ó Musa dos meus versos!
Desprende os teus cabelos, que, dispersos,
Caindo sobre as luas dos teus ombros,
Me causes pasmo, admiração, assombros...
Desprende-os... Vá! Pareça o teu cabelo
Chuveiro d’oiro em píncaros de gelo,
Ou, nos marmóreos ombros, loira amada,
A própria luz do sol, cristalizada...
E vem, original, sem mais enfeite,
Lançar no meu pescoço as mãos de leite,
Com essas madrepérolas das unhas...
Deixa o mundo falar, as testemunhas...
Isso que tem!? Amemo-nos sem medo!
Jamais dum grande amor se fez segredo!
És minha! Deus ungiu da mesma sorte
O teu viver e o meu até à morte!
Hesitas?... Vem! Os dois, se nos amamos,
Cruzemos nossas vidas como os ramos,
Em tudo irmãos, quer na alegria ou luto
E, qual os ramos, dêmos flor e fruto,
Que o nosso amor seja o maior, mais puro,
Na história do passado e do futuro!
E digam todos com razão e espanto:
“Amor de lenda – pois se querem tanto...”
GV, in Luar e Sol, 1961
Sem comentários:
Enviar um comentário