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Nostalgia haurida
no dédalo da memória. 
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No limite do cânhamo
o direito à diferença
é-lhes subliminar.
Vontade desatinada. 
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Monossilabamos o medo
com que nos piores momentos
digerimos os trinta dinheiros. 
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Londres tem o sossego
o verde e os pombos
que não vejo
nas vilas do meu país. 
E um rio, parques, o tube.
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Anos a fio a vida lhe passou sempre
ao lado. Nunca exactamente ali.
Conhecera talvez demasiada gente, 
com alguma dela aprendera o pouco
que valia.
Logrou esquivar-se 
aos rituais da memória.
Persistiu com método e argúcia
bastantes. Estava 
nos mares do sul
quando percebeu que tudo era nada.
E nada fez. 
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A cidade incendiada pelo olhar desprevenido.
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Pouco sabia de espelhos: tem
agora de viver no meio deles. 
Nada o desola. Chegou tarde
e fulge-lhe vontade nenhuma. 
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O móbil era outro
mas foste capaz
de correr comigo
atrás da loucura
mais vertiginosa. 
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Nenhum de nós passeia impune
pelos retratos: fazem-nos doer
os recessos da memória. 
Deles saltam, por vezes, sustos,
primeiras noites, secreta
loucura, lábios que foram. 
Interditam-nos sempre.
Trepam-nos pelo torpor
mais desprevenido, subsistem. 
A sua perenidade é volátil
e cheia de venenosos ardis.
Um sopro no acetato. 
Distintos, os seus contornos
não são nunca
os que supomos. 
 
 


 





 
 
 





























 


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