Epístola para os meus medos
Sois: os sons roucos, a espera vã, uma perdida imagem.
O coração suspende o seu hálito e os lábios tremem
sinto-vos, vindes ao rés da terra, como ventos baixos,
poisais no peitoril. Sois muito antigos e jovens,
da infância em que por vós chorava encostada a um rosto.
Que saudade eu tenho, ó escuridão no poço,
ó rastejar de víboras nos caniços, ó vespa
que, como eu, degustaste o figo úbere.
Depois, mundo maior foi a presença e a ausência,
a alegria e as dores de outros que não eu.
E um dia, no alto da catedral de Gaudí,
chorei de horror da Queda, como os caídos anjos.
Epístolas e Memorandos - Relógio d'Água - 1996
1 comentário:
Obrigado por ter visitado o meu blog.Para mim é um prazer adicioná-lo aos blogs que sigo e claro está que se adicionar o meu será igualmente um prazer e uma honra, é claro que o pode fazer.
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