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quinta-feira, 26 de março de 2009

António Dinis da Cruz e Silva

SONETO

Corre, já entre serras escarpadas,
Já sobre largos campos, murmurando.
o Tieté, e, as águas engrossando,
soberbo alaga as margens levantadas.


Penedos, pontes, árvores copada:
quanto topa, de cólera escumando,
com fragor espantoso vai rolando
nos vórtices das ondas empoladas.


Mas quando mais caudal, mais orgulhoso,
as margens rompe, cai precipitado,
atroando ao redor toda a campina.


O próprio retrato é dum poderoso,
pois quanto mais sublime é seu estado
mais estrondosa é a sua ruína.

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