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quarta-feira, 8 de abril de 2009

António Dinis da Cruz e Silva

Soneto

Que aziago que foi, que dia infausto

Aquele, em que vi tua formosura!

Em que cheio de amor e de ternura

Esta alma te ofertei em holocausto!

Teus olhos m'o fizeram ter por fausto,

Teus belos olhos cheios de doçura,

Mas logo me fez ver minha loucura

Teu peito de rigores nunca exausto.

Ai! e quão mesquinho é, quão desgraçado

Aquele, que como as mostras vão se engana

De um angélico rosto sossegado!

 

Pois mil vezes encobre a vista humana

Qual áspide cruel florido prado,

Um coração uma alma desumana.

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