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quarta-feira, 4 de junho de 2008

João Penha

LAMÚRIAS


«Que pena! Tenho o corpo tão bonito,
E nenhum amoroso me procura!
E, quem sabe? talvez à sepultura
Eu me vá, de capela e de palmito!


«Em tempos, um rapaz muito esquisito,
Inda imberbe mas lindo de figura,
Passava, mas fugiu! Que desventura:
Era da raça dos Josés do Egipto!


«E os dias vão passando, sem que veja
A mais ligeira mutação de cena!
Por sobre mim uma ave negra adeja!


«De corpo tão bonito, alta e morena
À própria Vénus causaria inveja,
E assim tão bela... durmo só! Que pena!»



Ecos do Passado

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