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Deve ter sido o último gesto que fez.
Há sítios assim
desabridos como a praça do Duque
da Terceira.
E depois não fica mais nada a não ser
um corredor apertado, íngreme e rouco
de costas voltadas para o rio.
Foi portanto o seu último gesto.
Tamanho ímpeto de silêncio fazia
imenso barulho.
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Iam demasiar-se, pelo imprevisto
dos pauis, aos rapazes.
E nunca nenhum deles trocou
por outro
o embaraçado ímpeto dessas tardes
de Julho.
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Ficava indeciso entre a neblina
e as gencianas iluminadas.
Às vezes perdia-se do rapazio.
Deixava-se levar pelo pequeno fabro.
Ele sabia: do que ele era capaz
apesar daqueles calções de linho puído.
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Hesita bastante. O inferno
é uma disciplina como qualquer outra.
Dias de vinho e rosas
pagos a peso de flagelo.
O arrebatado comércio dos sentidos ?
Na cidade aberta a dementada luz.
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Como se crias de cadela
lamber da matilha o adolescente
desenho de seus corpos
assassinos.
Até que um grito, um grito
irretorquível.
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Um vento camiliano risca os olhos
vidrados do chacal,
varre a laminada grafite das muralhas,
deflagra no xisto.
É tudo muito rápido.
A maré. O outro. E a demanda.
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Noite cega. Mandrágora. Cinza primitiva.
Irás ao outro lado dizer que não.
Caminharás de frente, caminharás junto à falésia.
Caminharás em assombro.
A todos dirás o mesmo.
Nenhuma mulher trácia te deterá.
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Os cães eram mudos e deu com eles por
acaso, farejando relógios de areia.
Naquela terra árdua havia ainda o enigma
dos homens e do seu alfabeto traído.
Podia pensar-se num simulacro. Era apenas
método. A obstinada construção de uma vontade
sem objecto.
Teria voltado fosse como fosse.
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Antes de nós outros tentaram.
Muitos não sabem que viagem alguma
se repetirá. Toda a demanda é vã.
Aquele muro não está ali
por acidente. Sequer a gosto de qualquer
feitor com inclinações pré-rafaelitas.
A manhã tinha ficado parecida com um pedaço
de vidro e era nítida a evidência de desastre
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